24/01/14

Adequar, projectando para a contemporaneidade


Quando falamos de reabilitação ou até mesmo de reconstrução, rapidamente nos salta à memória o complexo programa de “Modernização das Escolas do Ensino Secundário” que tanta tinta fez correr na comunicação social pelas mais diversas razões e enquadramentos. Contudo, apesar de todas as suas vicissitudes, podemos considera-lo, talvez o mais importante exemplo de reabilitação em grande escala que se desenvolveu no nosso país. A escolha directa pelo Parque Escolar, dos gabinetes projectistas que iriam pensar as novas intervenções possibilitou a introdução de estratégias projectuais diferenciadas muito pelo percurso de cada gabinete. A negação da solução imediata de deitar a abaixo e erguer de novo permitiu e obrigou ao desenvolvimento de estratégias de reorganização funcional, ajustamento dos espaços exteriores com permeabilidades com áreas de reunião e convívio ou até mesmo na definição de frentes urbanas (o caso da escola D. Pedro V em Lisboa pelas mãos do arquitecto Ricardo Back Gordon) com base em processos fundamentalmente de adição com base em regras clássicas. A dificuldade em pensar a reabilitação do edificado com as escolas em funcionamento foi exigente para os gabinetes projectistas na medida em que, apesar das dificuldades inerentes, conseguiram na sua generalidade promover opções estéticas cuidadas e apropriadas na ligação e enquadramento do antigo com o novo. É nesta relação que se encontram os exemplos mais felizes nomeadamente a escola Secundária D. Dinis pela equipa do ateliê de Ricardo Back Gordon ou a Escola Secundária Josefa de Óbidos pelo Atelier Central do arquitecto José Martinez e arquitecto Miguel Beleza. Muito para além das opções estéticas, na grande maioria dos casos, as preocupações do ponto de vista ambiental foram tidas em linha de conta, conseguindo promover desempenhos energéticos controlados e adequados à realidade de cada contexto e população residente. Estas novas valências energéticas com a introdução de energias alternativas permitem, hoje, qualificar o antigo com valências equiparáveis a novos equipamentos escolares alinhados por normativas europeias. Com estas soluções integradas ao nível das novas ampliações, desenhos urbanos entre o novo e o antigo e adequabilidade dos sistemas energéticos integrados, possibilita-nos assumir o Programa para a reabilitação do Parque Escolar com edifícios construídos nas mais diversas décadas do séc. XX, enquanto o motor fundamental na valorização do todo, colocando o aluno como personagem principal neste novo contexto escolar. Na análise dos diversos exemplos que hoje temos em mãos percebe-se o diálogo estabelecido entre os vários intervenientes no processo: arquitecto e engenheiros, o Parque Escolar e as Escolas na procura das melhores alternativas e promovendo agora, um caderno de encargos para a promoção de boas práticas na reabilitação de edifícios públicos. 

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