Perante a estruturação de
uma série de premissas num objecto arquitectónico, com base no desafio da
corrida contra o tempo, as novas tecnologias viabilizaram a capacidade de
resposta assim como a qualidade das mesmas. As novas tecnologias associadas à
computação e ao desenho assistido por computador, são hoje uma natureza
insofismável. Permitem a desenvoltura do pensamento arquitectónico sobre
ferramentas, antes desconhecidas, de estruturação das lógicas de espaço/tempo.
A capacidade de execução rápida na construção das realidades pensadas, aliada
ao acesso de informação na Internet é hoje matéria de estudo relativamente às
consequências que provocam na definição das linguagens globalizantes, nas
realidades regionalistas e sobretudo no pensamento arquitectónico
contemporâneo. A arquitectura globalizou-se no eixo da informação e degenerou
na concepção da sua natureza, hoje as respostas aos desafios actuais são cada
vez mais efémeras, portáteis e sem perenidade, talvez por isso, os concursos de
ideias nunca fizeram tanto sentido. É nestas dinâmicas de desafio/resposta que poderemos
reposicionar o enquadramento social, político e económico da arquitectura perante
a nossa sociedade.
A sociedade do espectáculo
mutuou-se numa realidade virtual onde o “star
system” se descentralizou e adquiriu novos protagonistas. Os papéis foram
trocados e agora quem dá as cartas são “ateliês de algibeira” ou de “vão de
escada”. A democratização dos papéis dos principais actores estabeleceu-se na
corrente das novas tecnologias de informação, permitindo dar voz a qualquer um
sem constrangimentos económicos ou sociais. É nestes processos de reorganização
do cenário mediático em torno da arquitectura, que encontramos a importância dos concursos de
ideias para quem começa a carreira ou procura encontrar espaço e tempo para reflexões extra contexto de trabalho. Os concursos de ideias sempre existiram e
os desafios por si determinados originaram, em alguns dos casos, situações em
que as respostas menos consideradas foram as que perpetuaram no tempo. Facto
que espraia a importância da decisão e que determina a incoerência que por
vezes reina em quem julga. Não obstante, a experiência de nos propormos a considerar
uma utopia sobre uma série de premissas para um determinado local, por si só,
já mereceu a pena!
A Arquitectura académica recente divorciou o génio do papel e tornou-o fútil, fácil e imediatista. A representação quase instantânea do conceito subtraiu-lhe a essência que o tempo do lápis equilibrava num balanço de alquimista religioso, imutável, até aí tido como eterno. A torrente embriagada de ideias cristalizada pelo software trouxe, como em tudo, a overdose do betão e o edifício sem memória, tempo e dignidade. O tempo de vida da cidade mudou. A escala de tempo fez da década um século e o combate de ideias era a única porta aberta. Será estéril? Ou, como no papel, trará a noção de que a genialidade leva o tempo que o tempo dita e que à quantidade só corresponde a maior faculdade da escolha, na democratização do génio, ele sim, agora livre da concretização à escala.
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