05/01/16

Utopias



Perante a estruturação de uma série de premissas num objecto arquitectónico, com base no desafio da corrida contra o tempo, as novas tecnologias viabilizaram a capacidade de resposta assim como a qualidade das mesmas. As novas tecnologias associadas à computação e ao desenho assistido por computador, são hoje uma natureza insofismável. Permitem a desenvoltura do pensamento arquitectónico sobre ferramentas, antes desconhecidas, de estruturação das lógicas de espaço/tempo. A capacidade de execução rápida na construção das realidades pensadas, aliada ao acesso de informação na Internet é hoje matéria de estudo relativamente às consequências que provocam na definição das linguagens globalizantes, nas realidades regionalistas e sobretudo no pensamento arquitectónico contemporâneo. A arquitectura globalizou-se no eixo da informação e degenerou na concepção da sua natureza, hoje as respostas aos desafios actuais são cada vez mais efémeras, portáteis e sem perenidade, talvez por isso, os concursos de ideias nunca fizeram tanto sentido. É nestas dinâmicas de desafio/resposta que poderemos reposicionar o enquadramento social, político e económico da arquitectura perante a nossa sociedade.

A sociedade do espectáculo mutuou-se numa realidade virtual onde o “star system” se descentralizou e adquiriu novos protagonistas. Os papéis foram trocados e agora quem dá as cartas são “ateliês de algibeira” ou de “vão de escada”. A democratização dos papéis dos principais actores estabeleceu-se na corrente das novas tecnologias de informação, permitindo dar voz a qualquer um sem constrangimentos económicos ou sociais. É nestes processos de reorganização do cenário mediático em torno da arquitectura, que  encontramos a importância dos concursos de ideias para quem começa a carreira ou procura encontrar espaço e tempo para reflexões extra contexto de trabalho. Os concursos de ideias sempre existiram e os desafios por si determinados originaram, em alguns dos casos, situações em que as respostas menos consideradas foram as que perpetuaram no tempo. Facto que espraia a importância da decisão e que determina a incoerência que por vezes reina em quem julga. Não obstante, a experiência de nos propormos a considerar uma utopia sobre uma série de premissas para um determinado local, por si só, já mereceu a pena! 

1 comentário:

  1. A Arquitectura académica recente divorciou o génio do papel e tornou-o fútil, fácil e imediatista. A representação quase instantânea do conceito subtraiu-lhe a essência que o tempo do lápis equilibrava num balanço de alquimista religioso, imutável, até aí tido como eterno. A torrente embriagada de ideias cristalizada pelo software trouxe, como em tudo, a overdose do betão e o edifício sem memória, tempo e dignidade. O tempo de vida da cidade mudou. A escala de tempo fez da década um século e o combate de ideias era a única porta aberta. Será estéril? Ou, como no papel, trará a noção de que a genialidade leva o tempo que o tempo dita e que à quantidade só corresponde a maior faculdade da escolha, na democratização do génio, ele sim, agora livre da concretização à escala.

    ResponderEliminar