Muito recentemente Portugal foi
distinguido com diversos prémios, nas suas mais diversas categorias, no topo do
ranking dos melhores hostels do mundo. Quando olhamos com mais atenção para o
fenómeno, constatamos que na sua generalidade, os mesmos, localizam-se na baixa
alfacinha em edifícios anteriormente devolutos. A febre do negócio dos hostels
que recentemente vive um boom generalizado, proporcionou um aumento exponencial
do número de camas deste patamar de oferta, conseguindo promover o turismo na
baixa de Lisboa, através da reabilitação de dezenas de edifícios em alguns dos
casos com problemas estruturais ou de salubridade. Sem qualquer regulação, a
oferta de camas para esta categoria de alojamentos económicos aumentou em
demasia, respondendo em excesso à procura turística. O sector começa agora a
sofrer os seus primeiros ajustamentos com a consequente paragem de algumas
unidades em época baixa ou até mesmo o fatídico encerramento. Esta situação
provoca dois problemas que não foram anteriormente acautelados pelo legislador.
Se por um lado estas lógicas proporcionaram à cidade, numa primeira fase, o
reabitar do centro e a baixa, constatamos que os edifícios agora adaptados a
alojamento local não têm no imediato, capacidade de ajustamento a tipologias
residenciais, obrigando ao potencial investidor um avultado encargo após a
aquisição, gerando um consequente desinteresse sobre o imóvel. Por outro lado,
num futuro próximo, perspectiva-se que este tipo de dinâmicas de moda venha
mais uma vez promover uma desertificação do centro com tipologias ajustadas a
serviços ou comércio ao invés da residencial.
Cabe aos arquitectos, nesta fase crucial, ter a responsabilidade de mais um desafio que passa por encontrar estratégias e soluções que permitam adaptar os edifícios a este tipo de negócio sem adulterar as suas valências residenciais, proporcionando ao edifício capacidade de mutação às modas ou dinâmicas imobiliárias. Talvez agora, mais do que nunca o papel do arquitecto é cirúrgico no delinear esquemas e processos que sirvam os preceitos do seu novo cliente, mas que assegurem os valores de sociabilidade, privacidade e de especificação funcional. A preservação dos percursos autonomizados que hierarquizam os acessos e estabelecem com clareza uma fronteira entre áreas públicas e privadas no interior da maioria das tipologias da baixa será determinante para o repovoamento da baixa.
Cabe aos arquitectos, nesta fase crucial, ter a responsabilidade de mais um desafio que passa por encontrar estratégias e soluções que permitam adaptar os edifícios a este tipo de negócio sem adulterar as suas valências residenciais, proporcionando ao edifício capacidade de mutação às modas ou dinâmicas imobiliárias. Talvez agora, mais do que nunca o papel do arquitecto é cirúrgico no delinear esquemas e processos que sirvam os preceitos do seu novo cliente, mas que assegurem os valores de sociabilidade, privacidade e de especificação funcional. A preservação dos percursos autonomizados que hierarquizam os acessos e estabelecem com clareza uma fronteira entre áreas públicas e privadas no interior da maioria das tipologias da baixa será determinante para o repovoamento da baixa.
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