@ nadir afonso
Arquitecto e pintor, no mundo
Nadir em
todos os sentidos assume-se a excepção à regra, onde como ele, são poucos os
exemplos no panorama artístico português que tenham conseguido produzir tão profunda
criação teórica aliada a uma profícua e almejada prática de atelier. A
totalidade da sua obra não reflecte academismo institucional ou identidades
reflexo de outros, a sua singularidade é verdade na sua intemporalidade
identitária. Perfil demonstrado com clareza nos escritos que desde sempre
retalhou no papel e fez questão de publicar. Talvez na sua obra escrita, se
encontre a totalidade da sua obra, onde o pensamento é explanado na palavra e
encerrado posteriormente na fluidez do traço. È nesta experiencia que Nadir se
sente comprometido na procura do primado do carácter fenomenológico. Onde a
geometria do universo e a sua cosmogonia são enceto para a justificação da sua
obra. Entendendo a via entre o homem e objecto, entidade própria, geradora da
alteração do “significado qualitativo dos objectos” para a “expressão
quantitativa dos espaços”. Assume por um lado que a redução fenomenológica
coloca em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de
concentrar-se o individuo exclusivamente na experiência em foco, por outro lado
“o objecto existe sem o sujeito, mas não é dado sem a actividade do sujeito”. Arroga
assim em obras anteriores que esta relação é uma entidade em si, e aqui dá
lugar ao papel da intuição artística, onde acorda a geometria como alicerce no
entendimento da significância entre o mundo e a consciência. A imutabilidade e
eterna harmonia adquirem consciência no raciocínio estético, adquirindo a
geometria um papel orientador sendo legitimada por Pitágoras, a sua verdade. O
que procura na sua essência, são as qualidades da perfeição, aquando da sua
aproximação limite revela-se a harmonia. Se a geometria de Pitágoras alimentava
o encanto duradouro para a perfeição de Marx, Nadir defende o sentido da
harmonia alicerçado nas leis imutáveis da geometria. Aqui reside a essência da
obra de Nadir, numa depurada clarividência na expressão do pensamento
complementa uma obra artística, e agora, na densa espessura da escrita “da
intuição artística ao raciocínio estético”.
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