O
lugar do arquitecto enquanto actor responsável na definição e determinação da
composição urbana, é entendida por muito de espaço de responsabilidade e
embebido de uma auréola “social”. O papel social é determinado ou entendido, por
estes, no enquadramento de um valor acrescentado, algo mais do que aquilo que
lhe é intrínseco enquanto executor dos actos próprios da profissão. Nada mais
errado! Teremos de colocar em cima da mesa conceitos que estão inerentes à
responsabilidade dos actos da profissão e a princípios éticos que devem reger
as nossas tomadas de posição enquanto profissionais. O poder intervir no espaço
urbano e dessa forma alicerçar os níveis de qualidade de vida de uma comunidade
em patamares superiores ou a introdução de processos tectónicos sustentáveis na
edificabilidade da construção, não faz do arquitecto mais social do que os
demais! O “social” é um problema de consciência e responsabilidade com o qual
nos deparamos diariamente, contudo o conceito está na ordem do dia, em conferências,
media e discussão no seio dos arquitectos. O paradigma mudou e o eco cedeu o
lugar ao social. Os chavões da “sustentabilidade”, “ecologia”, “reciclar”,
“reutilizar” dão hoje lugar à “participar”, “activismo”, “liberdade”,
“comunidade” e “democracia”. A nossa realidade é pródiga neste tipo de
processos de participação, onde o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL) foi
importante na década de 70. O arquitecto à época encontrou condições sociais e
politicas que permitiram o desenvolvimento de uma arquitectura sustentada em
processos de participação das comunidades. Face à actual emigração e a
disseminação de arquitectos por territórios com poucos recursos económicos
(Ásia e África), esta nova geração passados 40 anos, volta a poder desenvolver
arquitectura substanciada em processos de partilha e construção conjunta com as
comunidades. Através da análise e entendimento da comunidade em processos de
participação activa, devemos reconhecer e valorizar o património humano e
físico destes novos territórios de gente. A transformação social implica
envolvimento.
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