Em finais do passado mês de Fevereiro, a quando da trigésima terceira reunião plenária do Conselho Directivo Nacional da
Ordem dos Arquitectos, foi apresentado/aprovado o projecto de proposta de Regulamento de Organização e Funcionamento
das Estruturas Regionais e Locais da Ordem dos Arquitectos (ROFERLOA). Este novo regulamento, com enquadramento
jurídico e funcionamento definido em sede estatutária, irá criar, provavelmente, a maior transformação orgânica e funcional
na Ordem dos Arquitectos desde que a mesma deixou de ser a Associação dos Arquitectos Portugueses em 1998! Este
documento poderá regulamentar transformações significativas nas estruturas de representação local que permitirão
desenvolver o aceleramento da tão desejada equidade entre os associados residentes nos dois grandes centros urbanos e
o resto do país.
Mandato após mandato, as lamúrias relativas à deficitária representatividade e ingerência dos vários conselhos directivos
adensou-se. Fundadas ou não, as queixas são transversais ao longo das duas ultimas décadas: o destino das quotas, a
periclitante saúde financeira da Ordem, a pouca proximidade ente arquitectos e conselhos directivos, o privilégio do acesso
à disciplina e às formações apenas por quem está próximo das sedes regionais, a inexistência do apoio à prática, a
desregulamentação do acesso à profissão, a falta de estratégia na promoção e divulgação cultural entre muitas outras
associadas a interesses instalados.
Apesar de o voto ser a nossa maior arma na definição dos caminhos futuros que pretendemos para esta Ordem, não podemos
desprezar esta oportunidade na construção de um documento que poderá criar estruturas de organização que irão capacitar
todos aqueles que estão “longe”. Capacitação que permitirá promover efectiva representatividade regional e essencialmente
local perante entidades públicas e privadas. Uma nova organização que irá construir uma hierarquização musculada que nos
aproxime da sociedade civil e nos articule com as mais diversas instâncias.
Nos últimos meses a Assembleia de Delegados da Ordem dos Arquitectos tem promovido diversas sessões de esclarecimento
que pretendem consubstanciar a discussão e limar um documento ainda longe de ser consensual. Perante a oportunidade,
nós os reis da lamúria, os velhos do Restelo, não aparecemos... Enquanto o processo desliza na fase de audiências aos
interessados por entre os pingos da chuva, o mal será menor, contudo é na audição pública que a participação deverá ser
robusta, construtiva mas acima de tudo consciente! Se assim não for, não estamos a construir o melhor para nós e para a
nossa profissão.
Sem participação... Sim é verdade, para quê as quotas?